terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ossaim

                                                         
DIA: Quinta-feira.

CORES: Verde e Branco.

SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).

ELEMENTOS: Floresta e Plantas selvagens (Terra).

DOMÍNIOS: Medicina e Liturgia através das folhas.

SAUDAÇÃO:"Euê Uassá!".    
INTRODUÇÃO    
 Divindade das folhas medicinais e liturgias. Detentor do axé (força, poder, vitalidade). Seu símbolo é uma vara de ferro com sete pontas dirigidas para cima, com a imagem de um pássaro na ponta central. Dono do segredo e das folhas é considerado o médico do candomblé.Sua importância é tão fundamental, que nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença.
 Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.
Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.
Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.
A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.
Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.
De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflecte, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.
Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.
Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.       
                                             
Características dos filhos de Ossaim 
Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais nas suas decisões.
São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas actividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.
Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por actividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.
lenda
Dizem que Ossain - que vivia pelas matas ao lado de seu escravo Aroni -  recebeu o poder de Olodumare para conhecer o mistério das folhas. Guardou as folhas todas numa cabaça pendurada no galho de uma árvore.Os outros orixás também tinham o desejo de possuir suas próprias folhas, bem como o conhecimento necessário para receber o axé proveniente delas, mas Ossain não revelava seus segredos e não deixava ninguém apanhar folhas em suas florestas.
Oyá (Yassan) não aceitava essa situação, pois sua aldeia estava sendo assolada por doenças, e nada podia ser feito. Foi, então, que ela pediu a Ossain que lhe desse algumas folhas e seus respectivos encantamentos, mas este negou-se a fazê-lo. Oyá ficou muito contrariada, não se conformando com uma atitude tão insensível. No alto de sua furia incontrolável ,Oyá enfeitiçou os ventos para que eles derrubassem o galho da árvore e espalhassem as folhas sagradas pela floresta Ossain gritava: "Minhas folhas, minhas folhas". A cabaça com os segredos ficou exposta por algum tempo, 
Os demais orixás, então, recolheram determinadas folhas e passaram a considerá-las como suas.
Havia, porém, um problema. A folha, para se transformar em remédio, tem que ser potencializada pela palavra e o canto. Só o encantamento pelo verbo é capaz de dotar a folha de seus atributos de cura. A ausência da palavra não potencializa a folha. A utilização da palavra errada transforma em veneno o que era para ser o bálsamo.  
Os orixás, então, mesmo tendo recolhido as folhas que o vento de Iansã distribuiu, precisavam ainda de Osain, porque só a ele Olodumare dera o conhecimento das palavras e dos cantos capazes de dotar as folhas do axé. E é essa a função de Osain desde então, potencializar a folha pela palavra e dotar a planta da capacidade de vida e morte.
Osain é, portanto, dos orixás mais perigosos, sedutores e desafiadores. É o senhor da expressão certa que nos cura e o conhecedor da palavra que, mal colocada, pode nos matar. Veneno e remédio, afinal, são irmãos.
Osain mostra o poder da palavra que vira poema, canto, evocação do mistério, libertação e vitalidade.
Osain alerta para o poder da palavra que desarmoniza, é declaração de guerra, dureza de pedra, escravidão e perda do axé - a morte.
Osain ri e zomba dos homens que não sabem o que fazer com o verbo. São estes, curiosamente, os que mais falam.
Encanta a folha com a tua palavra, mas não faz do teu verbo a serpente que envenena  o mundo. Eis o desafio poderoso que Osain nos lança todos os dias e está expresso em um dos seus mais famosos orikis.
Lenda
  Ossain trabalhava na roça de Orunmilá, que é um orixá fun-fun (da cor branca) e detentor do conhecimento do oráculo divinatório. Ossain tinha a tarefa de cultivar os campos, mas recusava-se a limpar o terreno para fazer a semeadura. Ele não conseguia podar as plantas, pois achava utilidade em todas elas.
Essas folhas podiam curar todo tipo de doença existente.
Orunmilá, vendo que o serviço não saía, foi ver o que estava acontecendo.
Ossain explicou seus motivos, fazendo com que o grande orixá fun-fun percebesse estar diante de um ser encantado e de grande conhecimento. Ao invés de castigá-lo, deu-lhe uma posição de destaque dentro do oráculo de Ifá. Dessa forma, Orunmilá teria, perto de si, alguém para lhe revelar os segredos das folhas.
Lenda
Ossain, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Euá e Obaluayê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os orixás recorriam a Ossain para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossain na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossain oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossain lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.
Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossain, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xangô sentenciou que Ossain dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossain negou-se a dividir suas folhas  com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossain para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossain percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!".
"As folhas funionam!"
Ossain ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossain. Quase todas as folhas retornaram para Ossain. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura.
O Orixá Rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossain. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossain e que assim devia  permanecer  através dos séculos. Ossain, contudo, deu uma folha para cada Orixá, deu uma euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossain distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossain não conta seus segredos para ninguém, Ossain nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossain e sempre o reverenciam quando usam as folhas. 
Lenda
Òrúnmílá dá a Òsanyìn o nome das plantas.Ifá foi consultado por Òrúnmílá que estava partindo da terrapara o céu e que estava indo apanhar todas as folhas.Quando Òrúnmílá chegou ao céu Olódùmaré disse,eis todas as folhas que queria pegar o que fará com elas ?
Òrùnmílá respondeu que iria usá-las, disse que,iria usá-las para beneficio dos seres humanos da Terra.Todas as folhas que Òrunmílá estava pegando,Òrúnmílá carregaria para a Terra.
Quando chegou à pedra Àgbàsaláààrin ayé lòrun(pedra que se encontra no meio do caminho entre o céu e a terra).Aí Òrúnmílá encontrou Òsanyìn no caminho.
Perguntou: Òsanyìn onde vai? Òsanyìn disse;"Vou ao céu, disse ele, vou buscar folhas e remédios".Òrúnmílá disse, muito bem, disse, que já havia ido buscar folhas no céu,disse, para benefício dos seres humanos da terra.
Disse, olhe todas essas folhas,Òsanyìn pode apenas arrebatar todas as folhas.Ele poderia fazer remédios (feitiços) com elas porém não conhecia seus nomes.
Foi Òrúnmílá quem deu nome a todas as folhas.Assim Òrúnmílá nomeou todas as folhas naquele dia.Ele disse, você Òsanyìn carrega todas as folhas para a terra,disse, volte, iremos para terra juntos.Foi assim que Òrúnmílá entregou todas as folhas para Òsanyìn naquele dia.
Foi ele quem ensinou a Òsanyìn o nome das folhas apanhadas.

OGUM

DIA: Terça-Feira

CORES:
Verde ou Azul-escuro

SÍMBOLOS: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas

ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e Fogo

DOMÍNIOS: Guerra, Progresso, Conquista e Metalurgia

SAUDAÇÃO: Ògún ieé!!

INTRODUÇÃO
ORIXÁ da guerra, das batalhas, dos metais, da agricultura, dos caminhos e da tecnologia.
É o Orixá Senhor das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, briga, batalha. É a divindade da metalurgia, do ferro, aço e outros metais fortes. Ogum é a força incontrolável e dominadora, do movimento, do choque. Patriarca dos exércitos, dono das armas. Ogum é o poder do sangue que corre nas veias. Orixá da manutenção da vida.
Como Exu, Ogum está presente no calor, na ira, no ódio, na cólera. Está  presente nas batalhas, brigas, empurrões, na vontade de exterminar. É um Orixá, uma força da Natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes.Em muitas lendas aparece como irmão de Oxósse e Exú. Um símbolo de Ogum sempre visível é o màrìwò (mariô) - folhas do dendezeiro (igi öpë) desfiadas, que são colocadas sobre as portas das casas de candomblé como símbolo de sua proteção.
Depois de Exú é o Ogum que está mais próximo dos homens. Seu símbolo principal é uma espada de ferro chamada idà, seu dia é a terça-feira.
Senhor da guerra, dono do trabalho porque possui todas as ferramentas como seus símbolos. Orixá do fogo e do ferro em que são forjados os instrumentos como espada, a faca, a enxada, a ferradura, a lança, o martelo, a bigorna, a pá, etc.
É o dono do Obé (faca) por isso vem logo após o Exú porque sem as facas que lhe pertencem não seriam possíveis os sacrifícios. Ogum é o dono das estradas de ferro e dos caminhos. Protege também as portas de entrada das casas e templos. Ogum é protetor dos militares, soldados, ferreiros, trabalhadores e agricultores
Considerando como um Orixá impiedoso e cruel, ele pode até passar essa imagem, mas sabe ser dócil e amável. No candomblé é o grande general, marechal e todas as lutas, o grande guardião, pai rígido e severo, mas apaixonado e compreensível.
São sete qualidades de Ogum:

Ògún Meje – ou Mejeje, aquele que toma conta das sete entradas da cidade de Irê, ligado a Exú, o guardião das casas de Ketu.
Ògún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido – Um de seus nomes em razão de sua preferência em receber cães (só na África) como oferenda, tem ligação com Oxaguiã e Ìyemonjá .
Ògún Àmènè ou Ominí – tem ligação com Oxun, cultuado em Ijexá, sua conta é verde clara.
Ògún Alágbèdé (Alagbede) – É o Ògún dos ferreiros, o ferramenteiro, da ancestralidade, tem ligação com Yemanjá.
Ògún Akoró – É o Ogun que usa o mariwò como coroa, sua roupa é o mariwò, toma conta da casa de Oxalá, muito ligado a Oxóssi e não come mel.
Ògún Oniré – É o título de Ògún filho de Oniré, quando passou a reinar em Ire, o Senhor de Irê.
Ogun Wàrí: é o ferreiro dos metais dourados, ligado a Oxun, ligado ao ar, por isso o mais requintado dentre todos os Oguns.
Há vários nomes de Ògún fazendo alusão a cidades onde houve o seu culto, como Ògún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O orixá possui vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha as suas particularidades e costumes. Teremos títulos em Damassá, Lonan, Oluponã, Igbô-Igbô, Erotò, etc
.O ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OGUM

Os filhos de Ogum possuem um temperamento um tanto violento, são impulsivos, briguentos e custam a perdoar as ofensas dos outros. Não são muito exigentes na comida, no vestir, nem tão pouco na moradia, com raras exceções.
São amigos camaradas, porém estão sempre envolvidos com demandas.Quando magoado dificilmente perdoa ...Porem são pessoas q q fala o q pensa pela frente e nunca por trás.  

Desde  criança os filho de Ogum já demostra o seu temperamento difícil e rebelde.
Fisicamente, são magros, mas com músculos e formas bem definidas. Compartilham com Exu o gosto pelas festas e conversas que não acabam e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a dos seus camaradas.
Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois possuem dificuldade de se fixar a uma pessoa ou lugar.
São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir os seus objectivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam insistentemente e vencem.
Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre.
Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade.
 
Lenda
Ogun é filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este ultimo nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro e poderoso, capaz de matar e aniquilar quem puser em risco a tranqüilidade de seu mano Oxossi. Há quem  diga, até, que Ogun zela mais pelos filhos de Oxossi que pelos seus próprios, tal é o sentimento que ele tem pelo irmão.
Ogum era um caçador, tranqüilo, calmo, pacato. Bom filho, bom irmão, atencioso e trabalhador. Era ele quem provia sua casa e família, pois Exu gostava de viajar pelo mundo. Oxossi, ao contrario, era mais descansado e contemplativo. Como irmão mais velho, então Ogun cuidava da caça, dos concertos, etc. Mas, dentro de seu coração, existia um enorme desejo em “ganha o mundo”, como seu irmão Exu.
Num belo dia, ao voltar de uma exaustiva caçada, Ogun viu sua casa e família ameaçada por guerreiros de terras distantes. Ao ver a casa em chamas e seus entes queridos clamando por socorro, Ogun tomou-se de ira e, sozinho, cheio de ódio, arrasou com os agressores, não deixando um só de pé.
Daí por diante Ogun iniciou Oxossi na arte das caça; mostrou-lhe os caminhos e trilhas da floresta e lhe disse:
- Sempre que estiveres em perigo pense no seu irmão. Onde eu estiver voltarei para defendê-lo.
Aproximou-se de Iemanjá e se despediu:
- Mãe, preciso ir. Preciso vencer e conquistar. Está no meu sangue, essa é a minha vontade.
Desta forma, Ogun partiu e tornou-se o maior guerreiro do mundo. Mesmo sem exercito, vencia todos os exércitos, conquistando tudo aquilo que queria. Ogun  se tornou a vitória, a força da conquista.
Esse Orixá, de temperamento explosivo e coração quente, é a força da Natureza talvez mas temida e respeita. Ogun é o gás, a explosão, a guerra, o choque de dois carros, o ferro retorcido, a luta entre os homens e os animais. Ogun é a valentia, a bravura, a coragem, a estocada, a largada, a chegada vitoriosa.
Ogun também é o ciúme, o desabafo, a disputa. Senhor dos metais e incapaz de ser derrotado.
O elemento de Ogun é a terra, e dependendo das qualidades , ou sejam sua fundamentação, carrega também os elementos água e ar.
Quando você sentir seu pulso, seu coração batendo, tenha certeza, Ogun está presente. Quando sentir que seu sangue corre nas veias, pense com convicção. Ogun está presente. Enquanto sentir que existe vida dentro de si, saiba, Ogun a está mantendo e abençoado.

 Lenda
Ogum dá ao homem o segredo do ferro.
Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. Era necessário plantar uma área maior.
Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura. Ossain, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossain, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. Ogun, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogun pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os Orixás, admirados, perguntaram a Ogun de que material era feito tão resistente facão. Ogun respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os Orixás invejaram Ogun pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra.
Por muito tempo os Orixás importunaram Ogun para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os Orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. Ogun aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogun pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogun lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua ança de ferro. Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogun se decepcionou com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los. Então Ogun banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá permaneceu. Os humanos que receberam deOgun o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebravam a festa de Uidê Ogun. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogun.  Ogun é o senhor do ferro para sempre.

  Lenda
Oyá vivia com Ogum antes de ser mulher de Xangô. Ela ajudava Ogum no seu trabalho, carregava seus instrumentos, manejava o fole para ativar o fogo da forja. Ogum tinha uma vara mágica, feita de ferro (metal que lhe está associado), que tinha a propriedade de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres que tocasse. Em sua oficina de ferreiro, Ogum confeccionou uma vara igual e deu-a de presente a Oiá. 
Xangô gostava de sentar-se perto da forja para apreciar Ogum bater o ferro, e sempre lançava olhares a Oyá; ela por sua vez, também lançava olhares a Xangô.
Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados, usava brincos, colares e pulseira. Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá. Um dia Oyá e Xangô fugiram e Ogum lançou-se em perseguição deles. Encontrando os fugitivos, brandiu sua vara mágica, Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E assim que Ogum foi dividido em sete partes e Oyá em nove partes, recebeu ele o nome de Ogum Mejé e ela o de Iansã, cuja origem vem de Iyámésàn a mãe transformada em nove.